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Foto do escritorJulio Cesar França Franco

Tem pão velho?


Era um fim de tarde de sábado.

Eu estava molhando o jardim da minha casa, quando vi um menino parado junto ao portão, me olhando.

– Dona, tem pão velho? – perguntou ele.

Olhei para aquele menino tão nostálgico e perguntei: – Onde você mora?

– Depois do zoológico, disse ele.

– Bem longe, hein?

– É… mas eu tenho que pedir as coisas para comer.

– Você está na escola?

– Não. Minha mãe não pode comprar material.

– Seu pai mora com vocês?

– Ele foi embora e nunca mais voltou…

E o papo prosseguiu, até que eu disse:

– Vou buscar o pão. Serve pão novo?

– Acho que não precisa mais não. A senhora já conversou comigo, isso já foi bom.

Esta resposta caiu em mim como um raio. Tive a sensação de ter absorvido toda a solidão e a falta de amor daquela criança. Tão nova e já sem sonhos, sem brinquedos, sem comida, sem escola e tão necessitada de um papo, de uma conversa amiga. Quantas lições podemos tirar desta resposta: “Não precisa mais não, a senhora já conversou comigo, isso já foi bom!”. Que poder mágico tem o gesto de falar e ouvir com amor!

Este pão de amor não fica velho, porque é fabricado no coração de quem acredita Naquele que disse: “Eu sou o pão da vida!”. Verifique quantas pessoas talvez estejam esperando uma só palavra sua…

Hei amigo(a), tem pão velho?

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